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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

ENCONTRO COM CLARICE




J. Vítor da Silva *

Na vida, temos oportunidades raras; algumas, só acontecem uma vez. Foi o que ocorreu comigo, quando fui participar do 1º Encontro Nacional de Professores de Literatura Brasileira, na PUC do Rio de Janeiro, em janeiro de 1975.
Encontrei Clarice Lispector quando estava no auge de minhas atividades como professor de Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Machado.
Até hoje, me culpo por não ter chegado mais perto dela para ter bebido daquela fonte tão preciosa e rara da sua intelectualidade. Sabia menos que dois anos depois, Clarice deixaria este mundo. “Tem gente que cose para fora. 
Eu coso para dentro”, escreveu ela em seu livro A Hora da Estrela. Clarice é a autora do enigmático, do introspectivo, do interdito. 
“Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento”, filosofa no correr do livro.
Sentei à frente de Clarice apenas duas fileiras de cadeiras, muito próximo dela, tão perto que percebi quando ela deu um cochilo durante uma das palestras. 
As palestras muitas vezes são cansativas, enfadonhas. Acredito que durante o cochilo, Clarice cosia para dentro, como ela sempre foi – introspectiva, voltada para o seu próprio universo. Porque cada qual tem seu universo próprio.   
Vi Clarice com seus olhos amendoados, interrogativos, observa- dores. “...cada dia é um dia roubado da morte”, mas a morte roubou-lhe os dias.
Definitivamente. Agora, vejo Clarice nas palavras e nas páginas de seus livros.    

*Professor, jornalista e Vice-Presidente da Academia Machadense de Letras.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

AS 10 POESIAS CLASSIFICADAS DA CATEGORIA II ( ACIMA DE 17 ANOS)



O “IX Concurso Plínio Motta de Poesias” será realizado no anfiteatro da Prefeitura de Machado-MG, às 20hs do dia 09 de novembro de 2013.
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POESIAS CLASSIFICADAS DA CATEGORIA II ( ACIMA DE 17 ANOS)
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Álvaro Campos de Carvalho= (AVISO AOS NAVEGANTES) Machado-MG
Jorge Nuno= (A LA CARTE) Bragança/Portugal
Robério Campos Costa= (DEMÔNIOS) Machado-MG
Flávio Rubens M. Queiroz= (EXAMINANDO FOTOGRAFIAS) Cabo Frio/RJ
Adelaide Aparecida Pereira (MENINA DE RUA) Machado-MG
Tiago Correia de Jesus (POEMA DO DAR) Salvador-BA
Gabrielly Terra Freire=  (SAUDOSISMO) Machado-MG
Amélia M. Raposo da Luz = (SEDUÇÃO) Pirapetinga-MG
Ademar Jesus Bueno (SONETO DA PRAIA GRANDE) Varginha-MG
Geraldo Trombin= (TANTO MAR) Americana/SP
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AS 10 POESIAS CLASSIFICADAS DA CATEGORIA I



Poesias, alunos e escolas classificadas na (Categoria I / até 16 anos).
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O “IX Concurso Plínio Motta de Poesias” que será realizado no dia 09 de novembro no anfiteatro da Prefeitura de Machado-MG, às 20hs.
Logo publicaremos as 10 poesias da categoria II


CEFEM  (27 inscrições / 4 classificadas)
Ana Luísa Fernandes de Oliveira= (BONS TEMPOS)
Isabela Fonseca Codignole= (PENA)
Andressa Alves Mattar= (O ADEUS)
Karina Rodrigues Baccoli= (0800 DA CASA DA VOVÓ)
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CIC  (06 inscrições / 1 classificada)
Mel Rabelo Cireli de Paula= (EI, Você Pode Me Responde?)
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DOM PEDRO I  (01 inscrição / 1 classificada)
Pedro Vieira Domingues= (O MEU AVÔ)
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IRACEMA RODRIGUES  (07 inscrições / 2 classificadas)
João Gabriel V. Domingues= (AS ÁRVORES)
Maria Paula Lucas Costa= (ASSIM, SOU EU)
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UNIMAPE  (12 inscrições / 1 classificada)
Camila Bornelli Belinato= (EFEMERIDADE)
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CESPACC/SESI  (04 inscrições / 1 classificada)
Sérgio Lima Dias Júnior=  (O TEMPO)

domingo, 27 de outubro de 2013

ORQUESTRA MONOFÔNICA (Olga Caixeta)



Não sei se para ouvir essa orquestra será necessário receber um convite. Penso que não. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça.
Todos os dias alguém dá o tom e a música começa, mas não é nenhum Mozart ou Strauss com sua belíssima “ Danúbio Azul”. São as graciosas cigarras que se agrupam e entoam o seu canto.
Fico imaginando o regente dessa linda orquestra que parece o sambinha de uma nota só.
Lembro-me, então, da antiga historinha da Cigarra e da Formiga que tanto nos contaram quando éramos crianças ainda, com o intuito moralizante: enquanto as formigas trabalhavam exaustivamente, armazenando alimento para o inverno, as cigarras só cantavam, acreditando estarem alegrando os céus com um “Hino ao Amor” e agradando a todos os ouvintes.
Se há tanto tempo não faziam nada e só queriam mesmo cantar para passar o tempo, habituaram-se à rotina cantante e, segundo o velho ditado, “quem só aprendeu a fazer nada, depois de ter aprendido tal ofício, dificilmente se livrará dele”.
E sabem do melhor?  Esse grito todo que ouvimos é dos machos que gritam assim para atrair as fêmeas, e elas têm um canto muito baixo... depois dizem que as mulheres é que falam muito....
E quanto as suas contraparentes, as pobres formigas? Além de trabalharem tanto não tinham outra escolha a não ser ouvir o canto exasperante das cigarras.
Hoje, não ouço mais as histórias; vejo-as no real. As formigas, mostrando-se cumpridoras de seu dever, entram em nossas casas, vasculham doces, bolos e gostam até de pizza.
Nada lhes passa despercebido e, não adianta querer acabar com elas. Você mata umas e outras aparecem em dobro como se brotassem uma após a outra num piscar de olhos.
As cigarras não ficam atrás. Deixe alguma janela aberta no cair da tarde e você vai ouvir bem de perto uma das participantes da grande orquestra fazendo solo no mais alto grau, bem ao seu ouvido.
Elas se agrupam nas árvores... seu lugar preferido. Ah! E não passe por baixo, pois é bem possível você receber umas boas gotas de suas necessidades caírem-lhe pelos braços. Sem nenhum acanhamento, elas brincam, cantam e se enveredam por espaços que não fazem parte do seu habitat. Vez que outra morrem;  não conseguem se libertar de algumas quedas.
Quantas seriam necessárias para fazer um barulho tão alto? Quem ouve pensa que muitas, mas uma só já mostra uma potência de garganta que ensurdece.
Dizem que cantam para chamar a chuva, mas será que essa chuva fica tão longe assim para terem de gritar o dia inteiro? Santo Deus!
Dizem também que cantam até estourar; aí quedam-se. Por que tanto masoquismo? Será que têm consciência do que fazem?
E quando vem a chuva, onde será que se escondem? Ou ficam se molhando ao sabor do vento?
Não sei se alguém já procurou saber sobre isso; já li que entre os insetos, as cigarras são as únicas que produzem o som estridente que todos conhecem. Algumas das espécies maiores conseguem atingir os 120 decibéis com facilidade, enquanto outras menores realizam a proeza de alcançar uma sonoridade tão aguda que seu canto simplesmente não é percebido pelo ouvido humano, embora cães e outros animais possam chegar a uivar de dor por causa dele.
As cigarras estão presentes em quase todas as regiões do mundo, tanto em climas quentes como frios e existem mais de 1 500 tipos diferentes delas.  Normalmente, são encontrados em regiões de florestas tropicais, mas também podem ser encontrados em outros tipos de vegetações.
Seu desenvolvimento completo pode durar de 1 a 17 anos. As ninfas vivem enterradas até a maturação, enquanto os adultos habitam árvores e plantas, alimentando-se da seiva. Assim como os cupins, as cigarras estão entre os insetos mais longevos do planeta.
Sabemos ainda que sua importância no ecossistema é positiva, por um lado, por servir de alimento para os predadores e, negativa, por outro, porque constitui-se em pragas de algumas culturas.
Mas, prefiro ficar só com as lembranças da historinha que remete a um bom tempo da áurea vida que não volta mais. E como também gosto de cantar envolvo-me no tom e dou o meu troco. Não a ponto de estourar. Mas canto.

*Professora de Português e Membro da Academia Machadense de Letras