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sexta-feira, 8 de abril de 2011

VAGÃO (Geraldo Trombin)

Embarquei nessa viagem
Sem bagagem nem destino
Na mão, uma breve passagem
E sonhos de menino!

No passado
Andar nos trilhos
Tinha o seu brilho
Hoje em dia
Quem o vê
Além de eu e você?

O descarrilamento da integridade
Tirou todo mundo da linha
A vulgaridade, a impunidade
Ganharam popularidade
Fazendo este fascinante passeio
Perder o seu clima de recreio.

Dormente nem sequer o tempo
Que passa pela vidraça
Feito trem-bala;
Que já não embala
A infância comovida
Pela saudosa maria-fumaça.

Cadê aquele trem da alegria
Que virara motivo de festa
E deliciosa folia?
Cadê aquele trem-bão
Que enchia os olhos de emoção
Que mudava a respiração
Alternava a pulsação?

Ah! Esse trem da vida!
Que de uma hora para outra
Desvia o nosso caminho,
Nossa já conhecida trilha
Isolando-nos tal e qual
A mais longínqua ilha!

Ah! Esse enorme “vagão”,
Esse vagar perene da solidão
Que persiste dentro do peito,
Que age com desrespeito
Apagando a luz do coração,
Tornando-o um cômodo incômodo,
Obscuro, negro igual a carvão.

Já que tudo mudou
E as estações também são outras
Quero descer na próxima
Sumir logo de onde estou.

Quero virar avião,
Levantar o trem de pouso,
Decolar dessa desilusão,
Subir aos céus, desanuviar,
Virar nuvem sem precipitação.

Quero passar
Os meus derradeiros anos
Viajando como os mais libertos,
Os mais despertos
Passarinhos quintanianos!

PSEUDÔNIMO: g-litteral
*GERALDO TROMBIN
AMARICANA-SP

Um comentário:

  1. oi... tem dois errinhos de digitação nas últimas estrofes.

    1• onde se lê "Levantar o trem de pouco", leia-se "trem de pouso".

    2• onde se lê "Os mais desertos", leia-se " Os mais despertos".

    Abraços
    geraldo

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