Gol! Gol! Gol! Foram três os gols que
refizeram a circulação sanguínea do povo brasileiro. O tempo de expectativa foi
intenso demais para nossas palpitações. A Espanha é um time sem fronteiras e
vai ser difícil, mas... Deus é brasileiro.
Nessa hora todos demonstram seu amor à Pátria
e até aprendem a cantar o hino nacional. Cantam como se estivessem rezando a
oração do Pai Nosso. Mas, se Deus é brasileiro, quem será o Deus espanhol, o
italiano, o uruguaio...?
Tenho cá comigo que baixou um santo no corpo
dos nossos jogadores. Esse Neymarzinho
não tem par: é ímpar na corrida, no manejo dos pés e até nas faltas escondidas
que comete. O menino é imprudente de tão bom! Haja vista todos os comentários
pós-jogo! Só falaram dele.
O Brasil parou, e ainda bem que era domingo!
Todos livres para comemorar e bendizer. Imagino quantas latinhas foram colhidas
para a reciclagem num só dia.
E haja ouvidos, nesta próxima semana, para
ouvirmos todos os comentários que a TV
vai arrolar sobre o fato. E quem tiver os jornais impressos de segunda-feira
não precisa comprar mais nenhum: a notícia é uma só _ Brasil...sil...sil...!!!
(leia-se na extensão)
E depois de tanta expectativa, cada um volta
para sua casa e os jogadores para suas origens ou nem todos, pois o nosso
Neymar bate as asas e vai para a Espanha reconciliar-se com seus irmãos
perdedores, mas próximos parceiros de buscas e conquistas.
É estranho pensar que, mesmo sendo tão bom, tem de fazer seu nome lá fora. Se que há outros apartes, mas são eles tão necessários mesmo ou é o lucro que grita mais alto?
É estranho pensar que, mesmo sendo tão bom, tem de fazer seu nome lá fora. Se que há outros apartes, mas são eles tão necessários mesmo ou é o lucro que grita mais alto?
Na época da escravidão,vendiam-se escravos e
quem lucrava eram os seus donos. Nós até hoje dizemos oh! para o fato de se
venderem homens.No entanto, no mesmo hoje é bem diferente: o objeto do negócio,
o próprio homem, também lucra muito, então, ser vendido, nos nossos dias é
substancialmente importante e gratificante.
E como valem os galgos de Diana! Não se
contesta o negócio de hoje: como a vida de tais jovens muda!
O capital gira, crescem as possibilidades de
as Ferraris saírem às ruas em maior número; de as mansões ganharem mais valor e
as coberturas de luxo receberem mais observadores de estrelas. Nem coloco aqui
o que isso tudo rende em conquistas.
Tudo vale no país do Carnaval. Ninguém se
opõe às festas, ninguém grita se não for atacado, ninguém chora se não lhes
cortam os salários. Não queremos ser incomodados.
Falamos que alguns jogos aqui no Brasil são
proibidos: jogo do bicho, caça-níquel, e mesmo
briga de galo... eh,eh!! Proibe-se o que se quer proibir, desde que tal
proibição não interrompa os interesses de alguns. O problema nem é o jogo, mas
os alguns. Que morram os galos, que se cacem os níqueis, e que todos os bichos
façam fila. Se caírem na rede é peixe.
O Einstein é que tem razão: tudo é relativo.
Contudo, e com tudo estamos felizes. Vencemos
a Espanha, passamos às finais em bom tamanho, temos excelentes jogadores,
estádios maravilhosos em que se gastaram bilhões, o trem-bala vai ficar pra
depois ( não importa o que já foi gasto aí) e nenhum brasileiro ganha menos de
70,00 (setenta reais. Nossa miséria acabou e só poderemos agradecer a Deus
tamanha glória.
Quem te ama, Brasil, não teme a própria
morte, entoa o nosso hino, e nós vamos levando, com toda fama,com toda brama,
com toda lama, pois, somos fracos no lápis, mas fortes nas pontas dos pés.
Que não é feliz é triste e quem não é triste
é feliz. É o jogo dos contrastes que nos faz ganhar umas vezes e perder outras.
Não fosse Eva oferecer e Adão
aceitar,estaríamos no paraíso. Mas viver na monotonia também, seria muito
monótono...eh...eh...!!!Macacos me mordam se estou dizendo bobagens. Será que
no paraíso eu teria o café da manhã servido e não teria de correr para aplicar
prova às 8h. no CIC?
Será que no paraíso Neymar seria vendido para
a Espanha? Em reais ou em euros?
Será que no paraíso haveria saqueadores
oportunistas que matariam com bombas explosivas?
Será que no paraíso alguém teria de usar
fardas para distinguir sua força?
São tantas as emoções, tantos os
questionamentos...
Mas, não nos torturemos. Acabada a Copa das
Confederações, o Brasil volta ao normal, as manifestações de rua evaporam-se (
quem sabe?) e nossa presidente pode continuar rezando suas regalias. Afinal, a
miséria acabou e em 2014 teremos a Copa do Mundo, para valer. Ah! Isso depois
do Carnaval.
Por que ficar pensando em Adão e Eva? Vamos
festejar nossa vitória e começar os preparativos para o ano próximo. Compremos
nossas camisetas novas e desfilemos nossas vozes em um tom original: “Sou brasileiro, com muito orgulho!”
*Olga Caixeta é membro da Academia Machadense
de Letras
Concordo em partes ...
ResponderExcluir"A miséria acabou..." ?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Classe A ela né?!
E se estivéssemos no paraíso, talvez não tivéssemos tantas injustiças como temos.
Beijos
Eu concordo com a Tamires... E o mundo se afunda em inconstâncias...
ResponderExcluirUm abraço