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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

12 DE JUNHO - EM COMEMORAÇÃO

Bons tempos os que foram e deixaram marcas de suas passagens!

Sim, o dia dos namorados, bem como muitas outras datas comemorativas, ficaram na história de vida de muitos casais que viveram um clima de expectativa bem diferente do que se tem hoje, em relação ao primeiro encontro de amor. O dia 12 de Junho levava jovens, rapazes e moças a pensar na melhor forma de mostrar um ao outro a sua paixão, o seu amor ou ainda o seu desejo de começar uma relação. 

Rosas vermelhas abriam-se apressadas às vésperas desse dia, querendo perfumar os corações dos jovens apaixonados, acelerar suas pulsações e fazer brotar um novo romance que, com toda certeza, teria um tempo duradouro em suas vidas.

Todas as músicas românticas colocavam-se à disposição nas vozes dos seresteiros que as entoavam com os corações quase em voo, para alegrar os ouvidos de quem já esperava por elas, nas madrugadas frias do mês que era marca fiel de muitos acertos de amor. 

Em todas as cartas de amor, nas caixas dos correios saíam sozinhas, com medo de perderem a sensação de cair às mãos daquele ou daquela que, escondidos(as) em um canto, por certo, deixariam escorrer algumas lágrimas de emoção, de saudade, de felicidade, ante palavras ditas com tanta doçura e paixão.
Os “velhos tempos, belos dias” são hoje um fato a ser lembrado em músicas do nosso rei Roberto: “eu me lembro com saudade o tempo que passou...”, mas... “como é grande o meu amor por você!” Quantos casais têm ainda guardados, cartões que acompanhavam os lindos presentes comprados com esmero, e, muitas vezes com dificuldade, se o bolso não favorecia muito o momento.
Não pretendo deixar aqui nenhuma idéia de morbidez, mas trazer à tona o que se viveu, para que os casais daquela época possam rememorar e, quem sabe, refazer por um dia que seja, aqueles momentos em que eles se abraçaram, se beijaram e trocaram juras de amor. Quem não as troca ainda?

Mas... tudo foi se transformando, o homem foi acelerando sua vida, foi perdendo o tempo que o relógio sempre cronometra em desfavor e, acreditando que todas as situações internas são menos importantes, deixou de lado o interesse pelas relações, pelas amizades, pelas boas conversas, por tudo que aproxima as pessoas. 

O que antes era feito sob a luz de velas, a dois, tornou-se tão jocoso que já não se fazem “amores” como antigamente. Tudo hoje é público, é natural, é permitido. Hoje já não se espera mais nada em relação ao tempo: basta um olhar, um toque e o passo seguinte já é a cama.

Todos querem dizer que têm experiência e quanto mais cedo, mais atual, mais engajado. A TV propaga a menina que precisa ter sua “primeira vez” para estar incluída no grupo; o menino disputa quantos beijos em uma só noite e, a cada dia, uma nova transa. 

A TV mostra relatividade em tudo e não há mais parâmetros éticos para que as relações se façam. Elas começam, simplesmente acontecem e os pais pouco sabem de tudo aquilo que seus filhos experimentam.

É um tempo novo? Com certeza. Ninguém quer que os jovens vivam padronizados, tais quais viviam os de cinco décadas atrás. A abertura de comportamento acontecida nos últimos anos favoreceu a todos, uma vez que, em épocas anteriores a sociedade favorecia uma minoria. Mas os valores humanos são os mesmos.

O século XXI iniciou o mandamento de liberdade absoluta e não intercedeu em favor de ninguém, para que o homem, jovem ou não, se preparasse para seu enfrentamento. O jovem quer todas as coisas, inclusive “amar, amar, amar”, acreditando que o sonho o conduzirá.

Não há mais rosas vermelhas sendo entregues às meninas sonhadoras; não há mais músicas românticas a serem ouvidas a dois; não há mais bilhetes ou cartas escondidas que tragam emoção. 

O que há são esfregões desenfreados em plena luz do dia, no meio da rua; o que há são meninas se descabelando por causa de um “pobre menino” que acabou de tirar as fraldas; o que há são pais sofredores que se tornam avós da noite para o dia, porque não repassaram a seus filhos as desvantagens de uma relação precoce.

“O mundo não está se perdendo”, como dizia Taiguara; o mundo está mudando e, com tanta tecnologia oferecendo de tudo, não tão barato, mas tão fácil, é preciso que fiquemos alerta. 

O amor não acabou e não vai acabar: é ele que nos assegura ainda a vida na sua essência. Tenho certeza de que neste momento há muitos corações batendo em harmonia e outros, talvez, experimentando o primeiro beijo.




Olga dos Santos Caixeta Vilela nasceu em Machado-MG, em 1951. Professora de Língua Portuguesa – FEM-Cesep e Mestre em Letras. É membro da Academia Machadense de Letras. Olga é autora do livro “Ad Versos”



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