As letras do livro são imóveis,
As do meu pensamento correm.
As letras do livro escrevem palavras exatas,
As do meu pensamento emaranham-me.
As letras do livro são comuns, sempre iguais
Não redundam em idéias.
As do meu pensamento inundam
O meu corpo, ensopam-me com suas risadas,
Cansam-me com suas brincadeiras.
E, enquanto eu não as faço saírem,
Não me deixam em paz.
Para livrar-me delas,
Ponho-as no livro, brinco de escrever.
Olga dos Santos Caixeta Vilela nasceu em Machado-MG, em 1951. Professora de Língua Portuguesa – FEM-Cesep e Mestre em Letras. É membro da Academia Machadense de Letras.
Contatos: oscv@axtelecom.com.br
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